Free Flow: O Risco da “Gambiarra” Tecnológica

Por Henrique Monteiro
Gerente de Vendas, Kapsch TrafficCom Brasil
Uma matéria ganhou destaque há poucos meses: um motorista relatou ter sido cobrado a mais ao passar por um pórtico de pedágio automático na BR-381. Ele alegou que passou por pórticos, foi tarifado como veículo com reboque, embora não fosse, e não encontrou no app opção clara para contestar. 

Não estamos falando de uma quantidade grande de erros, mas isso é suficiente para levantar um debate sério: quando a tecnologia não é nativa, o risco de falhas e de ruído cresce exponencialmente. Esse tipo de episódio é um alerta: a tecnologia de Free Flow é poderosa, mas se mal integrada, pode manchar sua reputação, criar insegurança no usuário e corroer a confiança no modelo.
O Free Flow veio para simplificar, não para gerar desconfiança, mas ele exige sistemas robustos, integrados e precisos, desenvolvidos com o propósito exclusivo de operar em fluxo livre. E é aqui que mora a diferença entre uma solução de Free Flow nativa e uma montagem de componentes de diferentes fabricantes tentando parecer uma.

Quando se junta câmeras de um fornecedor, sensores de outro e demais componentes adaptados de outros, a equação se torna frágil. A fluidez desaparece. A precisão se perde. E o benefício, que era pra ser enorme, pode acabar manchado. Free Flow é sobre confiança.
E confiança nasce de engenharia nativa, de uma arquitetura pensada para operar com consistência, interoperabilidade e transparência. Concessionárias e operadores precisam entender que robustez não é sinônimo de custo alto, é sinônimo de projeto bem desenhado, com menos retrabalho, menos reclamação e mais credibilidade.
O Free Flow nasceu para eliminar gargalos, reduzir emissões, ampliar segurança e trazer justiça tarifária. Mas, se mal implementado, pode virar o contrário: um sistema caro, complexo e vulnerável à desinformação.